segunda-feira, 5 de março de 2007

Sem Luz no Fim do Túnel

É absolutamente compreensível a comoção popular causada pelo episódios bárbaros dos últimos tempos, no que tange à segurança dos indivíduos. Vozes levantam-se de todos os lados. Propostas pululam o noticiário a cada dia, com o que deveria ser reformulado, ou não: pena de morte; diminuição da maioridade penal; aumento das penas; cumprir as leis que já existem. A esquerda brasileira já cavou sua trincheira: para ela, nada deve ser feito e devemos aguardar a justiça social. Os cidadãos ficam divididos entre a emoção e a razão. Aposto meu dedo mindinho em que absolutamente nada vai mudar, mas analisemos o fato com mais frieza e distanciamento - o que é obviamente difícil.

Há alguns dias estive em Sapé - cidade de aproximadamente 50 mil pessoas, localizada no agreste paraibano, há 45km da capital (João Pessoa). Até onde eu saiba, o código de trânsito brasileiro vigora em Sapé da mesma forma que o faz na capital paraibana. O valor das multas e as pontuações pelas infrações não devem diferir em cidades afastadas por meros 45km. Ou seja: o tamanho da pena é o mesmo tanto aqui, quanto lá. Entretanto, em Sapé, motorista usando cinto de segurança e motoqueiro utilizando capacete é tão comum quanto nota de R$100,00 na calçada. Todos acham absolutamente normal e chegam a nos advertir de que, por aquelas bandas, não precisamos andar presos aos carros. Para que o leitor entenda a causa do fenômeno sapeense necessita-se de um dado: em 2006, ninguém foi multado em Sapé.

Aqui em João Pessoa, existem mais "amarelinhos" do que esquinas. Eles estão espalhados por todos os cantos. Só neste ano, já fui multado duas vezes por falar ao celular, enquanto dirijo... Rendi-me aos "amarelinhos". Desisti de falar ao celular. Outra observação interessante: os motoristas de Sapé utilizam cinto de segurança ao dirigir em João Pessoa!

O fenômeno sapeense serve de base para vários estudos sociológicos. É a verdadeira Galápagos nacional. Com dois neurônios funcionantes pode se chegar a uma conclusão óbvia: o que diminui o desrespeito à lei não é o tamanho da pena, é a certeza da punição.

Rudolph Giuliani nuca foi a Sapé nem a Galápagos, mas quando assumiu a cidade de Nova Iorque, em janeiro de 1994 tinha uma idéia na cabeça e uma prefeitura na mão. Para Rudy, mais punição era igual a menos criminalidade - política denominada de "tolerância zero". Com Giuliani como mayor os crimes em Nova Iorque decresceram 57 por cento. Só os assassinatos foram reduzidos em 65 por cento. A partir daí, o FBI considerou Nova Iorque a mais segura das grandes cidades norte-americanas. Passou a ser um modelo para outros burgos e viu crescer o número de turistas.

Rudy não fez a reforma agrária, não diminuiu o analfabetismo, não acabou com a desigualdade social em Nova Iorque, não se queixou da herança maldita, não concordou com o esquerdismo bocó de aceitar a violência como forma de sobrevivência. Rudy fez o óbvio: retirou dos bandidos o Eldorado que embala seus sonhos - a esperança de impunidade.

Não que eu seja contra a diminuição da desigualdade social. Nunca. Como você sonho com uma sociedade mais igualitária e fraterna, mas a cegueira petista em atribuir a violência à desigualdade, só faz misturar alhos com bugalhos e acender o motor da criminalidade com mais "esperanças de impunidade", pois enquanto procuramos culpar a nós mesmos (sociedade) pela violência, deixamos impunes os verdadeiros culpados.

No Brasil, se alguém comete um homicídio, o faz na esperança de não ser pego, mas se for preso, tem a esperança de um habeas corpus; se não for solto, tem a esperança de não ser condenado; se o for, tem a esperança de uma pena pequena; se pegar mais de 20 anos, tem a esperança de novo julgamento; se confirmada a sentença, tem a esperança de fugir da cadeia; se não conseguir, tem a esperança de cumprir apenas um sexto da pena em regime fechado...

O etanol da criminalidade é a esperança da impunidade.
Para os bons, enquanto houver governo petista, não há luz no fim do tunel. Esta se apagou depois de ter encontrado uma bala perdida.

Nenhum comentário: