quinta-feira, 12 de abril de 2007

Forças Armadas e a negociação venezuelana

Lembro antes da leitura da notícia abaixo, que a Petrobrás tem projeto de investir na Venezuela. Leiam amigos e inimigos. Como de costume o texto segue em azul e o comentário em preto.

Pelo Uol Notícias

CARACAS, 12 Abr (AFP) - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou que no dia 1º de maio, tomará junto "com as forças armadas e o povo" os campos de petróleo em que operam companhias multinacionais na Faixa do rio Orinoco, ainda que tenha ressaltado que se trata de um ato pacífico.

A declaração fez parte de discurso pronunciado por Chávez nesta quinta-feira para um grupo de militares.

"Estou seguro de que nenhuma multinacional irá responder a bala, mas iremos com as forças armadas e o povo. Vamos retomar os campos que tinham sido entregues a empresas multinacionais", enfatizou o chefe de estado.

Engraçado. Hugo Chávez é muito popular realmente. Ele vai com todo o povo venezuelano atacar a propriedade alheia. Ah, quase esqueci, ele vai levar as forças armadas para um ato pacífico, mas é um detalhe já que o Povo e Ele estarão lá para assegurar a legalidade do ato. O 1º de maio torna-se outro marco. No entanto, com precedentes históricos de nacionalização. Nesse mesmo dia do ano de 2006 o hermano Evo fez a mesma coisa. Próximo ano, quem será da América do Sul a seguir esses grandes homens? Uribe, Bachelet, Kirchner, ..., Lula? Ah, este não. Com o Brasil é diferente. É verdade. Deverá demorar um "poQUITO más".

"A abertura acabou. Agora, será a PDVSA (a estatal Petróleos de Venezuela) que cuidará desses campos", acrescentou.

"Essas empresas, consideradas as maiores do mundo, pagavam 1% de royalties. A ganância as manteve, mas, agora, terminará", declarou.

Abertura? Que abertura? O Brasil é considerado um país fechado pelo mundo. E a Venezuela era considerada um país aberto por Chávez? Ah, entendi. Entretanto não entendi a história da ganância. Ganância por pagar impostos, por empregar milhares de venezuelanos, por extrair o que os venezuelanos não teriam condições de fazer, tornar a Venezuela, mesmo que indiretamente, membro da OPEP, sustentar este país com uma taxa de crescimento chinês, enfim, isto é ganância? Se for, eu compreendi. Só continuo sem entender como que desenvolver um país possa ser ganancioso.

Na faixa de Orinoco funcionam quatro associações estratégicas que deverão passar para um esquema de empresas mistas, assim que Chávez ordenar a modificação do esquema de exploração e exportação para que a PDVSA detenha, pelo menos, 60% das ações a partir de 1 de maio.

As associações estratégicas são a Petrozuata, Ameriven, Cerro Negro e Sincor, em que participam as companhias Total, Statoil, ConocoPhillips, Chevron, Exxon-Mobil e BP.

Para a Exxon, a Conoco, a Chevron, a Total e a Statoil esses investimentos devem ser pouco representativos para seu patrimônio. A participação da Venezuela nos lucros dessas empresas deve ser pequena também - algo como a Bolívia representou para a Petrobrás. Quanto às outras empresas, não conheço seu tamanho, ou melhor, não conhecia nem seus nomes. Contudo, o mundo aumentará a desconfiança com os latinos. Isto me preocupa. Preocupa-me também o brasileiro pensar que isso seja bonito ou exemplo de atitude soberana a ser seguida.

A PDVSA negocia com as companhias sua migração para uma empresa mista que, além da venda de ações, inclui um esquema tributário com royalties de 16,6% e imposto sobre o rendimento de 50%.

Essa parte foi divertida. Nada como as piadas presidenciais, evidentemente. Mas foi extrovertido. A Venezuela decreta a nacionalização e fala em "negociar". Ela coloca o cano do revólver na cabeça das empresas e pergunta: Então, você quer assim ou que eu "negocie" para melhor me satisfazer? Que negociação bilateral moderna. É contrato do Século XXI.

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