domingo, 2 de setembro de 2007

Um Homem de Duas Caras

Excepcional o texto do Blog do Josias. Acompanhem.

Lula em 18 de agosto de 2005, auge do mensalão: “Quero dizer a vocês, com toda a franqueza, eu me sinto traído. Traído por práticas inaceitáveis das quais nunca tive conhecimento. Estou indignado pelas revelações que aparecem a cada dia, e que chocam o país.”

Lula neste sábado, 1º de setembro de 2007, no 3º Congresso do PT: “É verdade que podemos ter cometido erros [...]. Mas ninguém nesse país tem mais moral e ética do que nós.” Lula em 18 de agosto de 2005: “O PT deve pedir desculpas [ao país] por seus erros.”

Lula em 1º de setembro de 2007: “Não temos de quê nos envergonhar. Não tenham medo de ser petistas, de andar com a estrela no peito. O PT é um dos grandes responsáveis pelos passos largos do Brasil rumo à dignidade.”

Como se vê, o Lula de hoje é bem diferente do Lula de dois anos e treze dias atrás. Em tese, teria até mais razões para cobrar dos “traidores” um “pedido de desculpas”. Afinal, há quatro dias o STF converteu em ação penal a denúncia contra os 40 integrantes da “quadrilha” do mensalão.

Onde Lula vê “erros”, o Supremo enxerga indícios de crimes. Onde o presidente observa “moral” e ética”, o tribunal procura corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, peculato, gestão temerária e evasão de divisas.

O discurso do presidente à militância petista durou 57 minutos e 25 segundos (ouça aqui, se quiser). Não pronunciou uma mísera palavra de reprimenda. Foi, segundo a interpretação do sítio do PT um “discurso para lavar a alma petista e elevar auto-estima.” Só não lavou a imundície concentrada na processo que tramita no STF. Mas quem se importa? José Dirceu, o ex-técnico do time, brindado com duas imputações –corrupção ativa e formação de quadrilha—, acha que Lula expressou o sentimento dos delegados” presentes ao 3º Congresso petista. Para o ex-chefão da Casa Civil, “o partido já fez a autocrítica”. Voltar ao tema do mensalão é, na opinião de Dirceu, “um desvio de foco” que só interessa à direita. O PT, disse ele, “se renova, assume novas bandeiras.” Bandeiras tão oportunas e modernizantes quanto a reestatização da Cia. Vale do Rio Doce.

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