Convido os nossos leitores para uma viagem insólita. Façamos um exercício de imaginação para poder entender o que está acontecendo atualmente.
Estamos em março de 1999. O então presidente, Fernando Henrique Cardoso, ainda não nomeou seu novo ministério, pois não sabe como acomodar todos os ávidos companheiros do PSDB e do PFL - sedentos para se apoderar da máquina - nos 35 ministérios já existentes e estuda criar outros. Não se discutem programas nem idéias. A mídia se encarrega de mostrar o que os compatriotas querem no poder: cargos. Nunca foi tão explícita a ganância...
Os tempos são difíceis para FHC. O mundo encontra uma bonança internacional só vista na era do pós-guerra, mas o Brasil rasteja há quatro anos na rabeira do crescimento mundial, disputando "cabeça-pescoço" com o conflagrado Haiti.
Para sair do atoleiro, FHC tira da manga sua última carta - o PAC. Um plano de investimentos que não traz novos recursos para investimento; que prevê o uso do FGTS em obras estatais; que institui reajustes muito abaixo da inflação para os servidores pelos próximos dez anos; que não tem uma linha sobre agricultura...
O grande líder da esquerda (Luís Inácio Lula da Silva) concede uma entrevista ao vivo para o Jornal Nacional. Ameaça o presidente recém-eleito em alto em bom som:" Nós não permitiremos que este governo neoliberal se apodere de recursos sagrados dos trabalhadores. É um absurdo que as elites queiram aprovar uma lei congelando o salário dos servidores por dez anos, quando ele foi eleito para quatro."
Era exatamente o que os companheiros queriam ouvir. O PT se inflama como "nunca na história deste país". A CUT planeja uma greve geral para os próximos dias. O MST ameaça multiplicar as invasões. A UNE começa a mobilizar o exército de caras pintadas. O clima fica tenso. Os ânimos estão por demais exaltados.
Acuado com as ameaças de paralisação, FHC estuda outro projeto. Envia para o congresso uma proposta para limitar o direito de greve assegurado na carta magna. Enquanto isso, o presidente dos Estados Unidos planeja uma visita ao Brasil para comprar toneladas de álcool combustível.
Foi o último ato de FHC. A revista Carta Capital publica como matéria de capa: "FHC, o neoliberal tirano." No jornal da Band, Aloízio Mercadante comenta: "Não existe um centavo de dinheiro novo no piriPAC. Os salários serão achatados progressivamente nos próximos dez anos. Vamos perder a garantia de receber nosso FGTS. Até a desoneração de alguns impostos é para favorecer as elites. Pobre não compra computador."
A greve geral é marcada para o dia da visita do imperialista norte-americano. CUT, MST, PT, PSOL, UNE, OAB... Toda a sociedade organizada está revoltada. Em nova entrevista, Lula afirma: "Retirar o direito de greve é voltar ao tempo da ditadura. As elites planejavam há muito tempo esse golpe sobre os trabalhadores." Sobre a visita de Bush, não foi menos enfático: "O desejo da burguesia é transformar o Brasil num grande canavial, da mesma forma que éramos no século dezessete. Retirar o direito de greve é para facilitar o retorno do trabalho escravo. Não vamos cair sem lutar."
Devido ao clima de tensão, Bush adia a viagem ao Brasil. Revoltados com as perdas, os ruralistas unem-se à esquerda. Esposas dos militares protestam contra o congelamento dos salários dos maridos. Controladores de vôo iniciam nova "operação padrão"...
A greve geral já dura quinze dias. Faltam combustíveis, alimentos e remédios. Os telejornais mostram pessoas morrendo sem atendimento hospitalar. A polícia federal e a justiça estão de braços cruzados. O Brasil tem agora sua primeira guerra civil.
Estamos em março de 1999. O então presidente, Fernando Henrique Cardoso, ainda não nomeou seu novo ministério, pois não sabe como acomodar todos os ávidos companheiros do PSDB e do PFL - sedentos para se apoderar da máquina - nos 35 ministérios já existentes e estuda criar outros. Não se discutem programas nem idéias. A mídia se encarrega de mostrar o que os compatriotas querem no poder: cargos. Nunca foi tão explícita a ganância...
Os tempos são difíceis para FHC. O mundo encontra uma bonança internacional só vista na era do pós-guerra, mas o Brasil rasteja há quatro anos na rabeira do crescimento mundial, disputando "cabeça-pescoço" com o conflagrado Haiti.
Para sair do atoleiro, FHC tira da manga sua última carta - o PAC. Um plano de investimentos que não traz novos recursos para investimento; que prevê o uso do FGTS em obras estatais; que institui reajustes muito abaixo da inflação para os servidores pelos próximos dez anos; que não tem uma linha sobre agricultura...
O grande líder da esquerda (Luís Inácio Lula da Silva) concede uma entrevista ao vivo para o Jornal Nacional. Ameaça o presidente recém-eleito em alto em bom som:" Nós não permitiremos que este governo neoliberal se apodere de recursos sagrados dos trabalhadores. É um absurdo que as elites queiram aprovar uma lei congelando o salário dos servidores por dez anos, quando ele foi eleito para quatro."
Era exatamente o que os companheiros queriam ouvir. O PT se inflama como "nunca na história deste país". A CUT planeja uma greve geral para os próximos dias. O MST ameaça multiplicar as invasões. A UNE começa a mobilizar o exército de caras pintadas. O clima fica tenso. Os ânimos estão por demais exaltados.
Acuado com as ameaças de paralisação, FHC estuda outro projeto. Envia para o congresso uma proposta para limitar o direito de greve assegurado na carta magna. Enquanto isso, o presidente dos Estados Unidos planeja uma visita ao Brasil para comprar toneladas de álcool combustível.
Foi o último ato de FHC. A revista Carta Capital publica como matéria de capa: "FHC, o neoliberal tirano." No jornal da Band, Aloízio Mercadante comenta: "Não existe um centavo de dinheiro novo no piriPAC. Os salários serão achatados progressivamente nos próximos dez anos. Vamos perder a garantia de receber nosso FGTS. Até a desoneração de alguns impostos é para favorecer as elites. Pobre não compra computador."
A greve geral é marcada para o dia da visita do imperialista norte-americano. CUT, MST, PT, PSOL, UNE, OAB... Toda a sociedade organizada está revoltada. Em nova entrevista, Lula afirma: "Retirar o direito de greve é voltar ao tempo da ditadura. As elites planejavam há muito tempo esse golpe sobre os trabalhadores." Sobre a visita de Bush, não foi menos enfático: "O desejo da burguesia é transformar o Brasil num grande canavial, da mesma forma que éramos no século dezessete. Retirar o direito de greve é para facilitar o retorno do trabalho escravo. Não vamos cair sem lutar."
Devido ao clima de tensão, Bush adia a viagem ao Brasil. Revoltados com as perdas, os ruralistas unem-se à esquerda. Esposas dos militares protestam contra o congelamento dos salários dos maridos. Controladores de vôo iniciam nova "operação padrão"...
A greve geral já dura quinze dias. Faltam combustíveis, alimentos e remédios. Os telejornais mostram pessoas morrendo sem atendimento hospitalar. A polícia federal e a justiça estão de braços cruzados. O Brasil tem agora sua primeira guerra civil.
Um comentário:
Bom texto.
Vou publica-lo no meu blog também.
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