Para que uma mentira seja viável, é natural que ela pareça verdadeira. É isto que acontece com a aberração da meia-entrada. De longe parece algo muito bom, permite ao estudante pagar menos para ter acesso a produtos culturais. De perto, é um engodo, mas um engodo bem contado.
A enganação já começa pelo nome: "meia-entrada". Chamo a atenção dos leitores para a mais crua realidade: meia-entrada não existe. Nem poderia existir, já que o valor do produto vendido tem que cobrir seus custos, pagar funcionários, fornecedores, impostos e ainda deixar algum lucro. Observem bem: funcionários não aceitarão receber meio-salário, nem os fornecedores se conformarão com o pagamento de meia nota-fiscal. Tenho certeza que o governo vai querer impostos inteiros. Por que o empresário tem que aceitar meio-lucro?
É óbvio que em sendo obrigado a entregar seu produto por um valor menor para algumas pessoas, o empresário passará cobrar mais das que pagam o preço cheio. Vejam o exemplo abaixo, supondo que se tratasse de um empreendimento que vende 100 sanduíches por dia, ao preço de R$ 10,00. O apurado diário é mil reais. O que o nobre leitor supõe que aconteceria caso um ilustre parlamentar tenha a brilhante idéia de estender à alimentação o direito de pagar meia?
Exemplo 1 - 25% dos consumidores pagam meia: neste caso, pode ser que inicialmente o sanduíche passasse a custar R$ 5,00 por algum tempo. Logo o empresário veria que o apurado do dia tinha caído para R$ 775,00 (25 sanduíches por R$ 5,00 e 75 sanduíches por R$ 10,00). Quando fosse pagar suas contas, o administrador iria notar que faltariam recursos, já que governo, trabalhadores e fornecedores não aceitariam receber menos. A alternativa é colocar o preço do sanduíche a R$ 11,44. Desta forma, seriam vendidos 25 por 5,72 e 75 sanduíche por 11,44. O apurado diário voltaria aos mil reais que permitiriam a sobrevivência do estabelecimento.
Exemplo 2 - 50% dos consumidores pagam meia: seriam vendidos 50 sanduíches a R$ 6,67 e 50 a R$ 13,34. Apurado diário em mil reais.
Exemplo 3 - 75% dos consumidores pagam meia: seriam vendidos 75 sanduíches a R$ 8,00 e 25 a R$ 16,00. Apurado diário em mil reais.
Entenderam? Não existe meia-entrada. Na hora em que 100% pagasse "meia", o empresário cobraria R$ 20,00 inteira e R$ 10,00 meia, sabendo que todo mundo pagaria R$ 10,00 e seus ganhos diários seriam de mil reais. O empresário não age assim por ganância, mas por que tem compromissos a honrar e que não aceitam meio-pagamento.
Como vocês pode perceber, quanto maior a disseminação das malditas carteiras, maior a transferência de renda dos trabalhadores para os estudantes. No primeiro exemplo (25% de vendas com carteira), o trabalhador pagaria R$ 1,44 a mais para que o estudante tivesse seu desconto. Com 75% de vendas com carteira, o trabalhador pagaria R$ 6,00 a mais para que os estudantes fizessem jus a um desconto de R$ 2,00 e comprassem o seu sanduíche por R$ 8,00.
A questão que se impõe seria: é justo que trabalhadores de todas as classes paguem mais por um produto para que estudantes de todas as classes paguem menos por ele? Minha opinião é de que é muito injusto um trabalhador pobre pagar um cinema caro para que um filhinho-de-papai pague um cinema mais barato. Mas, este será assunto para outro post.
A enganação já começa pelo nome: "meia-entrada". Chamo a atenção dos leitores para a mais crua realidade: meia-entrada não existe. Nem poderia existir, já que o valor do produto vendido tem que cobrir seus custos, pagar funcionários, fornecedores, impostos e ainda deixar algum lucro. Observem bem: funcionários não aceitarão receber meio-salário, nem os fornecedores se conformarão com o pagamento de meia nota-fiscal. Tenho certeza que o governo vai querer impostos inteiros. Por que o empresário tem que aceitar meio-lucro?
É óbvio que em sendo obrigado a entregar seu produto por um valor menor para algumas pessoas, o empresário passará cobrar mais das que pagam o preço cheio. Vejam o exemplo abaixo, supondo que se tratasse de um empreendimento que vende 100 sanduíches por dia, ao preço de R$ 10,00. O apurado diário é mil reais. O que o nobre leitor supõe que aconteceria caso um ilustre parlamentar tenha a brilhante idéia de estender à alimentação o direito de pagar meia?
Exemplo 1 - 25% dos consumidores pagam meia: neste caso, pode ser que inicialmente o sanduíche passasse a custar R$ 5,00 por algum tempo. Logo o empresário veria que o apurado do dia tinha caído para R$ 775,00 (25 sanduíches por R$ 5,00 e 75 sanduíches por R$ 10,00). Quando fosse pagar suas contas, o administrador iria notar que faltariam recursos, já que governo, trabalhadores e fornecedores não aceitariam receber menos. A alternativa é colocar o preço do sanduíche a R$ 11,44. Desta forma, seriam vendidos 25 por 5,72 e 75 sanduíche por 11,44. O apurado diário voltaria aos mil reais que permitiriam a sobrevivência do estabelecimento.
Exemplo 2 - 50% dos consumidores pagam meia: seriam vendidos 50 sanduíches a R$ 6,67 e 50 a R$ 13,34. Apurado diário em mil reais.
Exemplo 3 - 75% dos consumidores pagam meia: seriam vendidos 75 sanduíches a R$ 8,00 e 25 a R$ 16,00. Apurado diário em mil reais.
Entenderam? Não existe meia-entrada. Na hora em que 100% pagasse "meia", o empresário cobraria R$ 20,00 inteira e R$ 10,00 meia, sabendo que todo mundo pagaria R$ 10,00 e seus ganhos diários seriam de mil reais. O empresário não age assim por ganância, mas por que tem compromissos a honrar e que não aceitam meio-pagamento.
Como vocês pode perceber, quanto maior a disseminação das malditas carteiras, maior a transferência de renda dos trabalhadores para os estudantes. No primeiro exemplo (25% de vendas com carteira), o trabalhador pagaria R$ 1,44 a mais para que o estudante tivesse seu desconto. Com 75% de vendas com carteira, o trabalhador pagaria R$ 6,00 a mais para que os estudantes fizessem jus a um desconto de R$ 2,00 e comprassem o seu sanduíche por R$ 8,00.
A questão que se impõe seria: é justo que trabalhadores de todas as classes paguem mais por um produto para que estudantes de todas as classes paguem menos por ele? Minha opinião é de que é muito injusto um trabalhador pobre pagar um cinema caro para que um filhinho-de-papai pague um cinema mais barato. Mas, este será assunto para outro post.
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